Março ou Abril de 1992, Kidal (Mali)
A aventura de Tin Zaouatene a Kidal, foram de tal modo perigosas, que hoje a distância de 20 anos, reconheço que estava noutra dimensão. A avaliação dos perigos passou ao lado da Expedição, de certeza que estávamos noutra galáxia.
Kidal, um pequeno lugar a 900 Kms de Tin Zaouatene e a cerca de 700 kms de Gao, longe de tudo e de qualquer rota segura. Dizem que hoje, após queda da Líbia é zona forte da AQIM.
Entramos em Kidal vindos de uma Pista por onde não passava nenhuma caravana a mais de dois anos, o que criou estupefacção ao pequeno grupo de pessoas que junto a um poço enchiam baldes e bidons de água.
O edifício da Alfândega era uma minúscula, construção de barro, coberta de chapa de zinco e só com uma abertura a da porta, mas sem porta.
O militar, de calça de camuflado e peito a descoberto tem uma pistola no cold e uma metralhadora na mão. Senta-se numa espécie de cadeira ( um antigo banco de automóvel, mas com as molas à mostra) e começa a carimbar os passaportes sem fazer perguntas, em cima de uma pequena mesa tosca de madeira. Cá fora a uns 200 metros uma coluna militar esperava por nós. Havia duas vezes por semana uma coluna militar, com dois blindados soviéticos e duas carrinhas Toyota, com metralhadoras fixas no chassis, que faziam o percurso entre Kidal e Gao.
Junto ao poço, havia um pequeno edifício “Palais de Justice” e logo ao lado um pequeno comércio.
Consegui uma laranjada, Fanta? Canada-Dry? Sei que a bebi numa golfada.
Lousã, 20 anos depois…
Parola Gonçalves