AGADIR DE IMCHGUIGUILNE – Considerações

Boas.
Quando saímos de Tafraoute em direcção a Camping Atlântica Parc perto de Taghazoute, estávamos longe de saber que o caminho até Ãit-Baha nos pudesse trazer tantas surpresas.
Uma dessas surpresas, foi o Agadir Imchguiguilne, pela imponência e pela sua história de mais de 700 anos.
Optamos nesta Descida até Dakhla, sempre que possível em almoçar nas ditas “Tagines de Rua”, pelo que quando chegamos a Âit-Baha, uma pequena cidade com muito comércio e vida em almoçar ao Restaurant Makro (N30 04.349 W9 09.175), uma bela Tagine de cordeiro.

A saída gentilmente o Dono do Restaurante disse-nos ” A 5 kms têm um belíssimo Granier para visitar” e foi isso que fizemos.
Este “post” vai procurar de uma maneira simplista dar a conhecer o que vivi naquele local com uma longa  história.

A minha descrição.
Um Agadir ou Granier, é uma sítio fortificado, onde as populações de determinado lugar, guardavam os eus valores, como documentos, dinheiros, cereais e outro tipo coisa valiosas para os habitantes.

O Agadir ou Granier está situado a cerca de 5 kms para norte de Âit-Baha e tem as seguintes coordenadas N30 05.640 W9 09.855.

 

Não me parece que seja um Agadir com uma localização estratégica em termos de defesa, mas para o lado nascente uma parte do edifício está sobre um desnível acentuado.
A porta principal com uma fechadura artesanal, dava para um espaço com acesso a Casa do Guarda, à cadeia, às Torres de Defesa, à Mesquita e à um pequeno espaço do “Gardien”.
A entrada para a zona restrita ou “Granier”, tinha uma porta com um sistema de fechadura e tranca em que se podia dizer que para ter acesso era preciso ter conhecimento dos “segredos” das chaves e da tranca.
Passada essa porta tinha-se acesso a zona a que o Guia designava por “Sala do Senado”. Não era mais que um corredor muito fresco, com tecto constituído por barrotes e “ripas” de orgânia, madeira dura e que é usual encontrar no Reino de Marrocos nomeadamente na zona do Anti-Atlas.
Esta “Sala do Senado” tinha uma largura de cerca de 2.50 mts e uns 10 de comprimento, ladeada com um banco corrido em pedra de cada lado. Era aqui que os sábios e os mais velhos da aldeia reuniam para estabelecer as regras, as defesas e condenar que de modo indevido se apropriava do que não era seu.
Hoje a “Sala do Senado”, tem nos seus bancos laterais pedaços de história como, as protecções em cana para os dedos das mãos quando se ceifava, os cilindros em verga para guardar o mel, as ceifas, as roldanas e as armaduras utilizadas pelos franceses na Segunda Guerra Mundial, para prática de tiro.
A “Sala do Senado” dá para o exterior, para a zona que passo a chamara de “Granier”. Esta zona imponente comove-nos pela sua grandeza e pela história que acarreta. Lembro-me de ficar arrepiado pela beleza do local e por estar a viver uma experiência do qual só tinha conhecimento pelas fotos.
O “Granier”, é constituído por uma série de compartimentos sobrepostos com cerca de 9 m2 cada um. Cada compartimento tem uma pequena porta, uma fechadura com tranca simulada e um acesso para o gato, já que o gato permitia assim não ter ratos para comer os cereais. O “Granier” tem cerca de 1.50 mts de largura por 6 mts de comprimento. São locais frescos em que o proprietário quase só entra de cócoras. O acesso aos diversos compartimentos é feito por uns degraus de xisto embutidos nas paredes. Cada compartimento tinha um motivo gravado na porta de madeira, que podia ser um nome, uma figura ou as duas coisas. Infelizmente os Franceses ocuparam este Granier e numeraram as portas com um código que ainda se mantém até aos dias de hoje.
Como referi entre as duas portas, a exterior e a da “Sala do Senado”, existe:
– uma pequena cadeia para colocar os “amigos do alheio”. A cadeia é um compartimento minúsculo com uma pequena entrada de luz;
– A sala de estar do “Gardien” do Agadir, que era um local mais fresco junto a porta da “Sala do Senado”;
– Uma pequena mesquita com sala de orações, de lavagem de defuntos e de ablução. Como podia não haver água havia nesta mesquita uma pedra em forma de esfera em que os crentes podiam esfregar as mãos e passar pelo rosto e assim cumprir o ritual da ablução com água. A mesquita tem uma abertura virada a norte para o Imam puder chamar os fieis para a oração.
Na zona virada a nascente uma Torre de Vigia controlava os movimentos do inimigo a Torre a sul está em ruínas. Entre as duas torres duas cisternas enterradas onde era e são ainda hoje encaminhadas as águas das chuvas. Das duas cisternas só uma está em funcionamento, a outra está rota.
Uma das particularidades deste Agadir ou Granier, é o seu método de construção anti-sísmico bem visível a nascente onde o Agadir ou Granier, mostra toda a sua grandeza. As paredes em xisto assentes com barro eram construídas em troços com a largura de 5 ou 6mts, para em caso de derrocada a parede em queda não arraste nenhuma das outras.

Eis pois a minha descrição deste Agadir ou Granier de Imchguiguilne, que tem um Guia que fala fluentemente francês o Senhor Saadia et M’Barek, nascido em Tunes e criada em Agadir.

Espero que um dia possam fazer uma visita.


Comentários

Um comentário a “AGADIR DE IMCHGUIGUILNE – Considerações”

  1. Obrigadíssimo!!!
    Nunca estive neste “agadir”. Para o Ano VOU conheçê-lo!
    Abração