Depois de mais de dois meses de viagem a solo na Maxi Puch, até ao Deserto do Namibe, a etapa entre a Quibala e o Dondo foi memorável.
Bem cedo, saí da Quibala, depois de pernoitar numa das bombas de Combustível que por lá havia. Quibala era uma espécie de entreposto dos camionistas nas suas longas viagens, pois era sempre possível comer uma refeição quente.
Bem cedo, pois a Maxi Puch, não dava mais de 50 Km/hora e a marcha indicada era os 40 Kms/hora.
Era já de noite quando cheguei ao Dondo, e não era aconselhável por questões de segurança avançar para Luanda, já que a zona entre o Golungo-Alto e Catete, era muito perigosa, já que na altura era área de guerrilha do MPLA.
Depois de comer qualquer coisa, num dos bancos existentes junto a igreja, era preciso dormir e aonde? Guito, não havia, e nada melhor que entrar pela porta lateral da igreja e dormir num dos bancos corridos junto a pia baptismal. Mas, o pior foi quando já passava da meia-noite e a Polícia corre comigo do interior da igreja e me dá ordem de marcha. Seriam umas três da manhã, pelo que decidi avançar para o Golungo-Alto, onde havia uma estação de Caminho de Ferro e um aquartelamento.
Desolado, fiz-me ao caminho receoso que algo me pudesse acontecer e em marcha máxima cheguei cerca das 4 da manhã ao Golungo Alto. A estação de caminho de ferro estava fechada, havia um conjunto de bancos corridos no exterior e algum movimento de pessoas. Entendi a manta, deitei-me em cima de uma banco e liguei o alarme, sim o alarme. O alarme não era mais que um pedaço de fio de pesca, que agarrado a Maxi Puch, fazia a ligação a minha perna e assim sabia que estava seguro, que a minha fiel Maxi Puch, podia-me levar de volta à casa.
Dormi pouco, pois por volta das cinco e meia da manhã chegou o comboio que ia para Malange.
Fui ao quartel, bebi qualquer coisa quente e rumei a Luanda, onde terminei a Expedição ao Deserto do Namibe, junto ao Farol da Ponta da Ilha de Luanda, onde tomei um banho de mar…ritual que tento manter mas agora na Figueira da Foz……
Memória de um aventureiro de sempre….
Comentários
Um comentário a “FRAGMENTOS DE MEMÓRIAS – 8.º”
Maxi Puch!!!! A minha primeira aquisição para transporte foi uma dessas!
Quando avariam, andam a pedal.
A minha nunca foi a desertos, mas chegou a ser encontrada numa salina em Aveiro depois de ter sido roubada !
Maquinas perfeitas para aventuras !