A noite estava serena quando de repente se ouviram o som dos tiros das carabinas e os gritos de dor dos inocentes. Ninguém sabia o que passava na escuridão da noite sem lua. De manhã as notícias eram alarmantes, trágicas e doridas.
Os primeiros relatos, dão conta de um massacre na zona norte. As primeiras fotos, dão a imensidão da dor dos inocentes, espetados em paus pelo ânus ou pelo sexo.
Depois pagaram todos os bons e os maus, os culpados e os inocentes, deixando marcas que permanecem até sempre, no reboliço de sons, de dor e de raiva, mas nada que mais tarde ou mais cedo iria acontecer……..
Tinha nove anos, morava no Musseque Marçal e tudo isto era muito estranho, tão estranho que muitas décadas depois, me comovo ao ainda ouvir os gritos dos inocentes que caíam e morriam sem saber porquê.
Não há nada que apague aquelas IMAGENS E AQUELES SONS, nem o tempo depois de tanto tempo………
“Quando o avião levantou voo e fez a curva para a direita tive a noção exacta que seria a última vez que veria a minha Terra, Terra em que tinha nascido e por opção Terra que queria ajudar a crescer.”