Olá.
Na busca incessante de procurar locai de interesse, quer sobre o ponto de vista cultural, histórico, de bivouac ou com referências de interesse para quem gosta de Todo Terreno Turístico, e na sequência dos artigos sobre as Barragens do Alto Ceira, eis que nos foi dado um lamiré, sobre o lugar de Vale Pardieiro ou Val Pardieiro, no concelho de Pampilhosa da Serra, coordenadas N40 08.712 W7 57.921.
Encontrei este pequeno texto escrito por Carlos, deveras interessante.
“este ano, numa daquelas tardes de domingo em que faço tempo para regressar aqui acima, dei uma saltada para fotografar o túnel do vale pardieiro e encontro um dos moradores de fim de semana e férias.
como acontece sempre nestas alturas, ao ver por ali um forasteiro com ar de turista, pergunta-me quem sou, de onde venho…, e se já tinha ido ver o túnel, ao que respondo que foi esse o propósito da minha visita.
vem então a minha vez de fazer perguntas.
conta ele que, não sendo da terra, mas tendo casado lá (gosto deste termo que define, não o local onde se casou, mas a localidade do cônjuge), conhecia a história do túnel pela sua sogra, cujo pai tinha trabalhado nele.
os terrenos que marginavam o rio Ceira, por razões que ninguém sabe explicar, eram, no começo do século 20, de ‘um senhor’ de folques.
(é interessante esta posse de Folques sobre os terrenos da freguesia de fajão, já que, durante alguns séculos, os fajaenses tiveram que pagar tributo aos monges do convento de… folques).
o rio Ceira era (e ainda há dois anos voltou a mostrar isso) um rio bipolar.
tão depressa corre vazio, como de repente rebenta com tudo à sua volta.
a curva de quase 360 graus que o Rio Ceira faz em volta do vale pardieiro fazia com que em época de cheias as águas seguissem em frente invadindo aquela baixa de terreno com terra (!!!!, porque terra é coisa muito escassa na serra do açor, como sabem), e estragasse a produção agrícola.
vai daí o dito ‘senhor de Folques’ convence os habitantes da aldeia a escavar um tunel que desviasse o curso do Ceira, fazendo-o passar por baixo da aldeia e deixando passar apenas a água necessária para regar aqueles terrenos.
à força de picaretas e muito músculo, os homens e mulheres da aldeia começam a escavar sob as suas casas até atingir o outro lado do montículo onde moravam.
um grosso paredão do lado montante ajudava a água a encontrar o seu caminho para o túnel e regressar ao seu leito original 50 metros depois.
esses terrenos têm hoje outros proprietários, estão completamente abandonados e já ninguém se coloca na ponta do vale pardieiro para ver a linda curva que o Ceira em milhares de anos moldou e os homens de vale pardieiro em muito poucos anos trataram de corrigir.
nas cheias de 2006 o paredão deu de si um bocado e a água quase voltou ao seu leito original…”
Oportunamente vamos ter mais notícias sobre este lugar.